Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição

NOTA ARTÍSTICA

Reconstruída no século XVIII (1745, como se pode ler na fachada principal), a igreja do Rosmaninhal pouco conserva da sua herança medieval ou até mesmo do edifício do século XVI. Com a sua fachada voltada para a grande escadaria de acesso, a estrutura é composta por um portal de frontão interrompido (ostente as datas 1745/1956), sobre o portal abrem-se duas fenestrações rampantes. Adossada à fachada, do lado de Evangelho, encontra-se o lançamento de uma torre sineira- alvo de uma intervenção em 1733 -, conserva a iconografia de D. Manuel I (esfera armilar) e as armas de Portugal.

O interior, provido de coro-alto, é composto de três naves, separadas por pilares e arcos de volta perfeita. Adossado a um dos suportes da nave ergue-se um púlpito em granito, com a data gravada na sua base -1724.

Na capela-mor, com o seu arco triunfal, é isento de retábulo. Contudo, nas paredes laterais encontram-se as pinturas sobre madeira do mestre do Rosmaninhal. Essas três pinturas, do primeiro terço do século XVI (c.1520-30), que terão integrado o retábulo-mor do templo atribuídas ao ignoto mestre do Rosmaninhal. Os três painéis pintados sobre madeira de castanho e que hoje podemos contemplar na igreja, representam: Santo António de Lisboa, A Virgem com o Menino coroada por anjos, e São João Baptista.

Esta obra responde, por certo, a uma encomendas do comendador da Ordem de Cristo. As tábuas desse pintor anónimo denunciam claramente um pendor formal ainda goticizante, pesem as novas adições renascentistas que já se reflectem. Neste caso, o artista não deixa de revelar influxos de focos pictóricos mais evoluídos, desde a «escola» conimbricense de Vicente Gil e Manuel Vicente, até à própria «escola de Viseu», já que a adesão ao gosto do Renascimento também se fez por influência e irradiação grão-vasquina. Mas é também evidente a abertura, nesse e noutros «pequenos mestres» regionais, aos modelos do flamenguismo de Antuérpia e ao cosmopolitismo de Lisboa, que deixaram os seus ecos em soluções ecléticas patentes em certos frescos e em alguma pintura retabular.

Séc.  XVI/XVII/XVIII

Autor: Mestre do Rosmaninhal (séc XVI)

NOTA HISTÓRICA

A aldeia do Rosmaninhal, apesar de integrar o território cristão desde o período condal, só no reinado de D. Afonso Henriques começou a ser repovoado, após a doação dos territórios de Idanha-a-Velha e Monsanto, em 1165, aos Templários, então sob o Mestrado de Gualdim Pais.

Será, contudo, no Mestrado de D. Lopo, em pleno reinado de D. Sancho I, em que viu alargados os territórios desta região sob a sua égide, que se verificou um verdadeiro esforço de repovoamento do mesmo. No reinado de D. Dinis estas terras foram doadas à nova Ordem de Cristo, sendo a Comenda e alcaidaria de Rosmaninhal atribuídas aos Marqueses de Fronteira e Alorna. A mais antiga referência documental que lhe é feita data precisamente de 1307.

Nos alvores do século XVI o seu desenvolvimento levou D. Manuel a atribuir-lhe a sua primeira Carta de Foral (1510), mantendo-se a comenda nas mãos da mencionada família, à sombra da poderosa Ordem de Cristo.

Ainda hoje se pode observar na sineira as armas de Portugal e a esfera armilar que nos remete para o período de D. Manuel I.

Datam também do primeiro terço do século XVI (c.1520-30) as três pinturas que terão integrado o retábulo-mor do templo atribuídas ao ignoto mestre do Rosmaninhal. Os três painéis pintados sobre madeira de castanho e que hoje podemos contemplar na igreja, representam: Santo António de Lisboa, A Virgem com o Menino coroada por anjos, e São João Baptista.

No século XVIII, edifício teve um intervenção, assim se pode constar pela data de 1745. Contudo, segundo relata Mário Chambino, o tombo de 1776, salienta o mau estado da igreja. Ora, segundo o autor, o documento entra em contradição com a suposta obra efetuada na igreja em 1745 (segundo a data que se mostra sob a porta principal), embora o autor fale de uma possível intervenção no campanário ou somente no corpo da igreja.

Contudo, o tombo de 1776, faz menção ao equipamento retabular existentes no espaço, referindo-se ter “uma trebuna de pao de castanho feita a moderna com duas portas dos lados e a trebuna com quatro degraus de talha (…) a dita trebunma se axa pintada e dourada desde o arco do camarim para sima somente e para baixo sem pintura alguma sem o sacrário não está o santissimosacramento (…). A par destes elementos, o auto refere ainda que a capela-mor estava “ameaçando ruin”, contudo, procede-se a medição principiando pelo canto da parde direita do arco da capella mor para sima (…) comprimento oito varas e meia e meio palmo e outro lado do comprimento da dita capella mor e de largura tem seis varas e meia (…).

Nas Memórias Paroquiais, é referido que o templo de Nossa Senhora da Conceição, “A parochia esta no simo da villa e outeiro dentro em hum forte do povo cuntiguo a hum forte del Rey que tem suas pessas.

O orago he de Nossa Senhora da Conceyção tem dois altares colaterais, hum das Chagas e outro do Rozário tem quatro naves de cada parte, tem Ermandade das almas e huma capela particular do orago de Nossa Senhora dos Remédios e tem um arco para dentro da igreja da parte esquerda.”

Entre os anos 1936 e 1956, a igreja esteve a plena ruína, foi reedificada e inaugurada 8 de setembro de 1956.

Referências Bibliográficas:

CAETANO, Joaquim Oliveira, As Formas da Fé. 800 Anos de Património Artístico nas Terras
de Idanha, Idanha-a-Nova, 2006.

CHAMBINO, “Estelas Medievais da Igreja Matriz do Rosmaninhal”, in Açafa, nº 2, 2009.

PINHEIRINHO, José António dos Santos, Rosmaninhal: Passado e Presente (da antiga vila raiana da Beira Baixa), Idanha-a-Nova, 2001;

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8955

SERRÃO, Joaquim Veríssimo – Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal – 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971;

Referências Documentais: