Igreja de São Pedro - Igreja Matriz de Aldeia de Joanes

NOTA ARTISTICA

O edifício de planta de nave única e capela-mor. Tem uma fachada principal bastante simplificada, somente ritmada por um portal de volta perfeita com colunelos inscritos (elementos do portal que se podem datar da primeira metade do século XVI), e um fenestração a encimar a entrada. Na fachada lateral norte encontra-se edificada a torre com a dupla sineira. A fachada sul, no alçado da nave, encontra-se um pequeno portal composto por um arco quebrado.

O interior é coberto por teto de madeira. No lado do Evangelho encontra-se uma capela lateral, atualmente dedicada à Irmandade de São Vicente (na descrição das memórias paroquiais de 1758, para além da irmandade de S. Vicente mártir, ainda é referida a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário). Na capela de S. Vicente, coberta com um teto de masseira policromado de com elementos vegetalistas, destaca-se o retábulo com figuras formando o Calvário foi edificado no século XVIII. Ainda nesta capela, há ainda a destacar a caixa de esmola da “Bula da Santa Cruzada” com a heráldica da Ordem de Cristo.

Junto ao arco triunfal foram dispostos dois retábulos de talha dourada de estilo nacional, com tribuna.

A capela-mor, coberta por um teto de caixotões com presentação dos apóstolos, albergando ao centro retábulo de talha maneirista com tribuna e trono, dividido em dois registos com pinturas alusivas a São Francisco e Santo António. Apesar das pinturas, executadas sobre tábua, sejam ainda maneiristas, serão já obra de ignoto pintor em avançada cronologia seiscentista, época aliás do entalhe epimaneirista em que os painéis se integram. No registo do meio duas pinturas são dedicadas aos mais importantes santos franciscanos – Santo António e S. Francisco, cada uma das quais está ladeada por outras duas que representam dois anjos; no registo superior encontramos dois outros pequenos painéis com figuração de mais duas figuras angélicas

O tecto de caixotões pintados  são decorados com pintura de brutesco, datando já da viragem para o século XVIII e atesta a bitola de menorização que, inexoravelmente, sobressaem numa região de fronteira onde a clientela que domina, sem recursos e sem gosto, alinha por uma linguagem artística com predominante acento decorativo e de teor didascálico.

É ainda de salientar a existência no espaço exterior, junto à escadaria que dá acesso à igreja, encontra-se um túmulo, segundo a tradição oral, terá sido neste sarcófago, onde ainda são visíveis as cruzes de Cristo, que terá sido sepultado João Gomes da Silva, Comendador da Ordem de Cristo.

Data: Séc. XIII

Autor: n/s

NOTA HISTÓRICA

A Igreja de São Pedro da Aldeia de Joane é um dos edifícios mais antigos da região. A sua edificação datará, possivelmente, do século XIII. Contudo, da traça primitiva românica subsistem poucos vestígios, como são alguns dos cachorros decorados situados no alçado exterior sul.

Documentalmente, a referência mais antiga que encontramos a respeito da igreja da Aldeia de Joanes surge no Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, pelos anos de 1320 e 1321. Nesse catálogo é referido que a igreja de Aldeia de Joanes tem uma taxa anual de cerca 120 libras, valor bastante acentuado e na região somente é suplantado pelo valor de 200 libras anuais da igreja de Santa Maria da Covilhã.

Em 1564, a Igreja de Sam Pedro do lugar daldea de Yoane é referida como sendo comenda da Ordem de XPO (Cristo), tendo como comendador da Ordem, Belchior de Sousa Tavares (Capitão de Ormuz) e vigário era frei Damião Cordeiro. Contudo, bem antes desta data, a igreja de São Pedro, já tinha vínculos, primeiramente com a Ordem do Templo e depois com a Ordem de Cristo.  No exterior do edifício, junto à escadaria que dá acesso à igreja, subsiste a presença de um túmulo de pedra, ostentando cruzes gravadas nas faces tumulares. Segundo a tradição oral, este túmulo albergou o corpo do Comendador da Ordem de Cristo, João Gomes da Silva (século XV), porém, as cruzes epigrafadas assemelham-se mais à heráldica da Ordem do Templo que à Ordem de Cristo.

Como se referiu anteriormente, pouco resta do templo românico, sobretudo devido às campanhas do seculo XVI. Uma dessas intervenções data de 1585 – data que se encontra conografada no alçado exterior da capela-mor.

Referências Bibliográficas:

CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Edição comemorativa do centenário da publicação, Lisboa, 1892;

SILVA, Joaquim Candeias da, O Concelho do Fundão – através das Memória Paroquiais de 1758, Fundão, 1993.

SERRÃO, Joaquim Veríssimo, Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal – 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2455

Referências Documentais:

ANTT, Memórias paroquiais, vol. 2, nº 20, p. 165 a 170

BN,  COD. 413 – Titulo das comendas dos Mestrados das ordens de Christo e d ́auis que ha neste b[is]pado da guarda com aualiaçam das Remdas de cada hu[m]a delas dos Annos de 1563 e de 1564.