Muralhas e Torre
NOTA ARTÍSTICA
Segundo a arqueologia, o perímetro muralhado romano datado do séc. IV, visava criar uma linha de proteção ao espaço urbano, este obedecia ao princípio ordenador tomana, cardus e decumanus com as suas portas.
Com o processo de reconquista, a “cidade de Idanha a Velha” assume um lugar importante na defesa da fronteira, sobretudo, após a doação à Ordem do Templo, sendo então construída uma torre sobre o antigo podium (templo dedicado a Vénus). De planta retangular e portal de volta perfeita, tem um tímpano onde se encontra epigrafada a data de 1245. Data também deste período a barbacã.
A estrutura do perímetro muralhado medieval assume uma configuração erguem-se sobre as antigas muralhas romanas, adquirindo uma configuração ovalado. Onde se instituem diversas portas, quer a sul, oeste e a chamada “Porta do Sol”.
NOTA HISTÓRICA
Idanha-a-Velha, foi na era romana uma cidade conhecida por Civitas Igaeditanorum. Antes de ser cidade, foi município, e acredita-se ter sido fundado em 60 a.c. por Júlio Cesar. A 14 a.c. já havia referência a Civitas Igaeditanorum numa inscrição honorifica de um relógio de sol oferecido à cidade. Das ruínas desta cidade destaca-se o fórum e vários monumentos de culto, entre eles um templo dedicado a Vénus, cujas ruínas serviram mais tarde de suporte para a torre construída pelos templários no século XII.
Com a queda do Império, coloca-se a hipótese de sido invadida entre os anos 409 e 420 pelos Suevos, Alanos e Vândalos durante a expansão para Bética, que em pouco tempo conquistaram uma parte significativa do território. No período paleocristão, instala-se diocese suevo-visigótica, sendo desse período os batistériosA Egitânea era a capital na época Romana, e esse território foi doado à Ordem do Templo. Descrita na Idade Média como cidade antiga, mantém, ainda hoje, praticamente visível todo o seu perímetro muralhado, assim como conserva parte das suas portas. Do mesmo modo, esta localidade, cresceu sob uma antiga estrutura romana, esse mesmo testemunho é visível no modo como a torre medieval se implanta sob o antigo fórum Romano.
Com o processo de reconquista a “cidade de Idanha a Velha” assume lugar importante na defesa da fronteira, por isso vemos D. Afonso Henriques, em 1165, a efetuar uma doação ao mestre D. Gualdim Pais e à Ordem do Templo a terra de Idanha e Monsanto, tendo sobretudo como contrapartida a condição da milícia estar ao serviço da coroa. Contudo, devido à instabilidade da região, e à falta de forças para dominar tão vasto território, os Templários não povoam Egitânia, que é abandonada, acabando por voltar para as mãos da coroa.
Em 1206, D. Sancho I confirma novamente a doação de Idanha-a-Velha aos Templários e ao mestre D. Fernando Dias, doa também à mesma a vila de Egitânia a Nova, ou seja, Idanha-a-Nova a quem chama villa; com a fundação de Idanha-a-Nova, os habitantes de Idanha-a-Velha preferem recolher-se naquela povoação; nesta data os Templários tomam posse efetiva de Idanha-a-Velha; durante o reinado de D. Afonso II, Idanha-a-Velha é novamente arrebatada pelos mouros.
É neste contexto que é construida uma Torre de Menagem, sobre um templo romano, e uma muralha que circundava o casario e que já se encontra em ruína no início do séc. XVI: “tem ha hordem huua cidade antijgua que se chama ha idanha ha velha çercada de muro em roda que jaa per partes começa de cahir…tem huua torre de canto laurado e forte com repartimentos dentro ha qual ora estaa descubert e desmadeirada e sem portas”. No reinado de D. Manuel I foi edificado o pelourinho e Casa da Câmara num pequeno largo. A Sé, quando era sede de bispado, encontra-se em fase de restauro, assim como outras escavações arqueológicas estão em curso.
Segundo o Tombo dos bens da comenda de Idanha-a-Velha (1505), “tem ha hordem huua çidade antijgua que se chama ha idanha ha uelha çercada de muro em roda que jaa per partes começa de cahir. e nella huua egreja que ajnda se chama see (…) E na dicta çidade que contra ho sul tem huua torre de canto laurado e forte com repartimentos dentro. ha qual ora estaa descuberta e desmadeirada e sem portas. e sohia seer apousentamento do comendador desta comenda. d arredor tem huua çerca baixa como barbacãa de pedra e barro quasi toda derribada”.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, estas estruturas são descritas do seguinte modo: “Seus prymeiros muros lhes fes El Rey Ervigio, de que só existem dous pedaços na margem do rio Ponsul eram largos feytos de pissarra e furtissima argamasça”. Segundo José Cristóvão, estas estruturas podem corresponder às ruínas do aqueduto que alimentava as termas, localizadas na proximidade, mas, em data posterior, Maria Pilar Reis supõe corresponderá a um ramal que transportava a água, proveniente de uma nascente situada a norte, até às termas.
Séc. IV/ XIII / XIV / XV / XVI
Autor:
BIBLIOGRAFIA
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Referências Documentais: