Igreja Matriz de Santo Amaro

NOTA ARTÍSTICA

Fruto de uma requalificação em 1890 (conforme se pode ler na inscrição colocada na fachada), a igreja da localidade de Lavacolhos tem planta longitudinal de nave, capela mor e sacristia. Adossada à fachada (do lado do Epístola) corre a torre sineira, acedendo-se aos sinos por intermédio de uma escadaria no exterior ou pelo coro-alto. O interior de nave única, é provida de coro alto assente em colunas de granito. Todo o espaço é coberto com uma estrutura de madeira, tendo ao centro a representar a cruz da Ordem de Cristo.

A ladear o arco triunfal, dispõem-se retábulos de gosto neo-góticos, que acolhem imaginária essencialmente do século XIX e século XX.

A capela-mor, de pequenas dimensões, tem, quer do lado do Evangelho quer do lado oposto, tribunas, às quais se acedia por intermédio de escadarias. Na parede fundeira ergue-se o retábulo de pendor clássico, constituído por um corpo de três panos, sendo o nicho central guarnecido de tribuna, onde se encontra a escultura de Cristo na Cruz. O remate tem moldura superior e respetivo resplendor.

Do primeiro quartel do século XVI, destaca-se uma escultura em pedra dedica a Santo Amaro. Apesar de repintada, a escultura detém boa qualidade no tratamento plástico, evidenciando uma mão cuidada e segura no domínio das formas humanas e respetivo panejamento. Esta peça, conjuntamente com outras existentes (embora pouca) nesta mesma região, permite perceber que existe uma oficina bastante ativa nesta área geográfica.

Apesar da quase inexistência de documentação, a igreja conserva, quer através do mobiliário, quer através da pintura, diversos referencias que remetem para a Ordem de Cristo, mesmo já em período do século XX, facto que mostra a real importância que Ordem teve na história desta igreja e localidade, permitindo subsistir ainda hoje essa memória no imaginário popular. Isso mesmo é reforçado pelas enormes cruzes, em relevo, que se pode observar no teto nave referentes à Ordem, o mesmo acontece na estrutura guarda vento da porta principal e também há a destacar referencia à milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo no confessionário (equipamento do século XIX).

Data: XVI/XIX

Autor: n/s

NOTA HISTÓRICA

Os dados disponíveis sobre a Lavacolhos medieval, não são abundantes. Uma das primeiras informações datam do século XIII, quando D. Tibúrcio, Bispo de Coimbra, comprou a herdade de Lavacolhos (1242). Apesar deste aspeto, o território foi integrado no rol patrimonial da Ordem do Templo, passando, posteriormente, quando ocorre oo processo de extinção dos Templários, engloba a nova milícia da Ordem de Cristo, estando anexa à comenda do Castelejo, muito provavelmente, a primitiva igreja surge dentro deste contexto, embora se desconheça qualquer dado concreto a este respeito.

No século XVIII, as memórias paroquiais, referem que Santo Amaro he o seu orago, tem tres altares, santo Amaro no altar mayor e dous colaterais hum das almas e outro da Virgem do Rosario (…). O pároco é apresentado pelo vigário do Castelejo e é pago pela Comenda: nove mil e quinhenttos em dinheiro pouco pão, pouco vinho e alguns arráteis de cera de sorte, que toda apresentação junta não faz vinte mil reis e isto acusta da comenda.    

No final do século XIX, a igreja com dedicação a Santo Amaro, foi amplamente renovada e em 1890, data que está cronografada sobre a porta, a igreja adquire a atual configuração.

Referências Bibliográficas:

VICENTE, Maria da Graça, Entre Zêzere e Tejo propriedade e povoamento: (séculos XII-XIV), Tese de doutoramento, História (História Medieval), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2014.

SILVA, Joaquim Candeias da, O Concelho do Fundão através das Memórias Paroquiais de 1758, Fundão, Tip. do Jornal do Fundão, 1993.

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=17870

Referências Documentais:

ANTT, Memórias paroquiais, vol. 19, nº 62, p. 463 a 466