Igreja de São Pedro

NOTA ARTÍSTICA

O atual edifício, com dedicação a São Pedro, é bastante simples. De amplo despojamento arquitetónico, constitui-se por uma nave e coro (construído em 1899). Na nave, do lado do Evangelho, encontra-se a capela dedicado ao Senhor dos Passos (que correspondia ao antigo espaço dedicado à Irmandade das Almas), e no lado oposto a capela dedicada a São João Evangelista.

A ladear o arco triunfal, erguem-se, do lado do Evangelho um retábulo rococó dedicado à Senhora do Rosário e no lado da Epístola, também um retábulo rococó, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus (séc. XX). Na capela-mor também se encontra um retábulo rococó, onde se dispõem as imagens de Srª da Conceição, S. Pedro e Stº António, peças datáveis entre o século XVIII e XIX.

Data: XVII/XVIII

Autor: Manuel da Silva – entalhador, 1723; Francisco da Silva Violeiro – carpinteiro, séc. 18.

NOTA HISTÓRICA

Conforme refere António Roxo, em em 1182, Fernando Sanches, faz doação aos Templários da herdade da Vila Franca da Cardosa, e nos seus limites incluía-se S. Lourenço do Salgueiro (capela que hoje ainda existe). Diz-nos ainda o “Memorial Cronológico e Descritivo da Cidade de Castelo Branco”, que:  S. Lourenço e S. Pedro do Salgueiro pertenciam à extinta Ordem de Cristo de Santa Maria do Castelo.
No tombo das Comendas da Ordem de Cristo e de Avis, ao dar conta das disposições relativas à paróquia de Santa Maria do Castelo, quanto à avaliação das rendas (no ano de 1563), é feita referência ao Salgueiro: As igrejas de santa maria e são miguel da vila de castelo branquo com suas anexas de monforte, escalhos de baixo, escalhos de cima, cafede, sam domingos dalem ponsul e o salgueiro, sam comendas da ordem de cristo he delas comendador dom fernando de meneses, leva o dito comendador das Quatro partes dos dízimos as tres partes e o Bispo leva a quarta parte e destas tres partes do comendador se pagão os vigairos e os beneficiados das ditas igrejas. rendem ao dito comendador as tres partes dos dízimos que levão nestas igrejas com as promícias, próprias e granjas, tiradas as despesas ordinárias necessárias conforme o regimento e asy os salários dos vigairos e beneficiados Outocentos nouenta e cinco mil duzentos cincoenta e quatro reais.

Contudo, deste local, para o período medieval e parte do período moderno,  as informações são escassas. Somente o século XVIII temos elementos mais substanciais.

Em 1723 a igreja de São Pedro do Salgueiro encontrava-se em renovação, pelo menos uma parte dela realizavam-se obras. Isso mesmo é dado conta numa escritura de obrigação que é estabelecido por juízes mordomo e tesoureiro e irmãos da confraria das Almas da igreja de São Pedro do Salgueiro. Esse instrumento estabelece (11 de novembro) a obrigação da confraria de pelas pessoas nomeadas e seus sucessores de hoje para todo o sempre a ornamentar o altar retábulo e todos os paramentos necessários a capella que novamente se faz na igreja matriz de São Pedro do lugar. Nesse mesmo mês e ano também é estabelecido uma escritura de obrigação entre a confraria de São Sebastião – que se encontra sediada numa ermida no termo da localidade – e os moradores do Salgueiro para a ornamentarem e paramentarem o edifício.

No relato das Memórias Paroquiais (1758) é referido que a igreja tem orago da freguesia S. Pedro tem  cinco altares hum principal de Santa Anna outro da invocação do N. De Deus outro da Senhora do Rozário outro das almas e outro de S. Pedro, não tem nave alguma tem duas irmandade um do santíssimo sacramento outro das Almas. O parocho he vigário da Ordem de Christo apresentado por sua Magestada que Deus Guarda como grãomestre  (…) Segundo o auto paroquial, não é conhecido qualquer dano na localidade e seus respetivos edifícios.

Dois anos após o auto (4-10-1760), é realizado um contrato de arrematação para a execução das obras de carpintaria da capela-mor. A obra foi tomada, por 24.000 reis, pels carpinteiro Francisco Silva Violeiro (morador na localidade do Salgueiro) e Domingos Ruiz Teixeira, este morador na cidade da Guarda, sendo este o responsavel pelos apontamentos da obra que tinha um prazo de seis meses para ser executada.

Referências Bibliográficas:

HORMIGO, Joaquim, Arte e Artistas na Beira Baixa, s.l., Janeiro 1998.

ROXO, António. Monografia de Castelo Branco. Coimbra: Editora Alma Azul, 2005.

SILVA, Joaquim Augusto Porfírio da, Memorial Cronológico e Descritivo da Cidade de Castelo Branco, , Lisboa, 1853

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=12857

Referências Documentais:

ANTT, Memórias paroquiais, vol. 33, nº 22, p. 153 a 156

ADCTB, Cartório notarial de Castelo Branco, mç. 1, liv. 5, fl. 10v

ADCTB, Cartório notarial de Castelo Branco, mç. 1, liv. 5, fl. 11v

ADCTB, Cartório notarial de Castelo Branco, mç. 3, liv. 43, fl. 6

BN, COD. 413 -Titulo das comendas dos Mestrados das ordens de Christo e d ́auis que ha neste b[is]pado da guarda com aualiaçam das Remdas de cada hu[m]a delas dos Annos de 1563 e de 1564