Igreja Matriz da Nossa senhora da Ajuda
NOTA ARTISTICA
Igreja de espaço interior unificado, a que se adossa, na parte posterior, a sacristia. O primitivo templo remontava aos inícios do século XVI e aproveitou uma ermida preexistente.
Fachada principal de pano único, delimitada lateralmente por pilastras em cantaria e rematada por frontão triangular. Ao eixo central rasga-se o portal principal com moldura simples e encimado por friso e cornija, janela e nicho, já no intradorso do frontão, enquadrado por elementos arquitetónicos e acolhendo uma escultura de vulto, também em pedra, de Nossa Senhora com o Menino. Na base do frontão, uma inscrição com a data de MDCCXX [1720]. A ladear a fachada existe uma torre sineira de três registos.
O interior da igreja é equipado com dois púlpito, com guardas em talha dourada, com elementos vegetalistas e vasados, coro-alto e retábulos. Na nave existem seis retábulos, quatro inseridos em capelas laterais pouco profundas, duas em cada alçado, e dois a ladear o arco triunfal. Além de arquivoltas e suportes de cariz barroco, estes retábulos integram telas pintadas, figurando Anjos músicos, o Calvário e o Julgamento das Almas, e imaginária.
A obra de marcenaria foi realizada em 1724 pelo entalhador Manuel Barbosa Ferreira e Diogo Nunes. Manuel Barbosa Ferreira, então mestre entalhador, com oficina aberta na cidade de Castelo Branco, conjuntamente com Diogo Nunes, oficial de carpinteiro, ajusta verbalmente (a 25 de maio de 1724) – pois a escritura notarial acabou por não ter efeito-, a feitura de seis retábulos laterais para a igreja paroquial de Monforte e mais dois púlpitos de talha, pela quantia de 395$000 réis. Apesar de desconhecemos se estes profissionais acabaram por assumir a obra verbalizada, estes retábulos ainda subsistem. Na capela-mor, encontra-se um retábulo mais tardio, dourado e pintado, com trono e figurações escultóricas.
O edifício conserva escultura de qualidade assinalável, desde o século XV (SS. Sebastião) até ao XVIII (S. João Baptista), passando pelo XVI (Nossa Senhora com o Menino e Santíssima Trindade) e XVII (São Sebastião e Cristo Morto), algumas delas retiradas do culto.
No campo da pintura, adianta-se a possibilidade de pintor de Manuel Pereira de Brito, que viveu na freguesia de São Vicente, na Covilhã, aí trabalhando incessantemente entre 1689 a 1723, e que pintou o exótico tecto do Salão dos Continentes na Casa das Morgadas, na Covilhã e os interessantíssimos retábulos da matriz de Monforte da Beira, com uma variedade plêiade de anjos músicos. Datáveis do início do século XVIII, integram já uma estética barroca, posto que de bitola ingénua, enriquecidos por deliciosos pormenores exóticos e trechos musicais. Quatro desses altares apresentam telas com anjos que tocam instrumentos musicais identificáveis e do maior valor iconográfico.
Séc. XVIII
Autor: CARPINTEIROS: Bartolomeu Martins Carrinho (1722); Diogo Nunes (1724). DOURADOR: Pedro José da Fonseca Botelho (1760). ENTALHADORES: Manuel Barbosa Ferreira (1724). Pintor: Manuel Pereira de Brito (XVIII)
NOTA HISTÓRICA
Em 1537 , na visitação de Fr. António Lisboa, é referido que a igreja estava construída sobre uma antiga ermida – “tempo em que esta egreja era jrmida” – e tinha por comendador D. Fernando de Meneses, como comendador a obrigação de reparar a capela-mor e os fregueses a nave.
O visitação de 1537 refere o seguinte:
“Em o terno da dita villa de Castelo Brarnco em o novo logar de Monforte que he quatro legoas da villa haa huua egreja cujo invocaçam he de Nossa Senhora d’Ajuda a he novamente feita per os fregueses e moradores do dicto logar e he della comendador o dicto dom Fernando e esta a egreja dentro no logar e esta por acafalar de dentro e de fora e o corpo della he de comprido quimze varas e de larguo seis e mey a e he madeira de castanho e nom he forrado e tem huua boa pia de bauptizar num tem altares no Cruzero.
Iten a capella he lorrada e he de lomguo tres varas e duas terças e de largo tres varas e terça e o altar de pedra e barro e de comprido huua vara e duas terças e de alto quatro palmos e meio e nom tem mais que huu Retavolo de oratorio e he de Nossa Senhora de dous palmos.
Item no meyo da egreja dentro nela tem huua campainha e fora num tem campanario.
No século XVIII dá-se uma grande transformação ao nível do equipamento. Em 1722, Bartolomeu Martins Carrinho, arremata a execução da empreitada de carpintaria com a igreja para executar, coro-alto, cornijas, , portas, confessionários, púlpitos, armários, estrados para os altares, casa do despacho. O contrato estabelece ainda que a obra do guarda-vento deve ser idêntica ao da igreja de São Miguel de Castelo. Em 1724, o entalhador Manuel Barbosa Ferreira e Diogo Nunes, oficial de carpintaria, estabelecem um contrato de obrigação com a igreja/povo de Monforte de executam seis retábulos laterais e dois púlpitos, que devem seguir o risco dos púlpitos da igreja do convento de Santo António Castelo Branco.
Referências Bibliográficas:
HORMIGO, José Joaquim M., Visitações da Ordem de Cristo em 1505 e 1537, Amadora, 1981;
HORMIGO, José Joaquim M., Arte e Artistas na Beira Baixa, s.l., Janeiro 1998.
SILVA, Isabel (coord.), Dicionário Enciclopédico de Freguesias, vol. IV, Matosinhos, 1997.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=12843
Referências Documentais: